São Paulo, 30 de
Setembro de 2004 - Os resíduos de prata gerados nos processos fotoquímicos
em hospitais, clínicas de radiologia, laboratórios fotográficos, indústrias
e gráficas devem, por força de lei, ser recuperados antes da disposição
dos efluentes nos rios. No entanto, estima-se que apenas 5% dos
geradores fazem a destinação correta desses resíduos. A entrada em
vigor em dezembro da Resolução RDC 33 da Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), sobre resíduos dos serviços de saúde, deve forçar
as empresas a adotar uma postura mais eficiente também em relação ao
tratamento desses efluentes.
Com vistas a esse mercado potencial, a Refina Metalquímica, empresa
paulista especializada em recuperação de prata e tratamento de
efluentes, desenvolveu uma tecnologia para tratamento dos efluentes no
local em que são gerados, o que elimina os custos com coleta e
transporte dos resíduos. Trata-se de uma estação compacta de
tratamento, que retém a prata em um filtro especialmente desenhado para
este fim.
Atualmente, já existem equipamentos instalados em 300 locais. Entre os
principais clientes, estão os hospitais Sírio Libanês, São Camilo,
Samaritano e Hospital do Câncer, em São Paulo. Na indústria, há
equipamentos na Toyota, Confab, BIC e entre os laboratórios fotográficos
os principais clientes são Fotoptica, Labortec e Fotoplan.
A meta da Refina é aumentar sua participação de mercado com a nova
tecnologia, uma vez que existem em torno de 100 mil estabelecimentos em
todo o País que necessitam tratar os efluentes dos processos fotoquímicos.
A empresa detém 30% do mercado em São Paulo, que responde por 85% do
seu faturamento, que prefere não divulgar. Hoje, são poucas as
empresas que fazem esse trabalho - em torno de cinco, com licenciamento
ambiental para atuar na função. Juntas, as mais de 200 empresas
(legais e ilegais) devem fechar 2004 com um faturamento de R$ 500 milhões"
No entanto, devido ao alto valor agregado do resíduo da prata, existe
em torno de 200 empresas que fazem a recuperação do metal sem os
devidos cuidados concernentes ao meio ambiente. O quilograma da prata
está cotado em US$ 214, o que abre espaço para a atuação ilegal, com
despejo dos rejeitos do processo na rede coletora de esgoto. Além da
prata, o efluente resultante dos processos fotoquímicos contém ferro
solúvel e sulfato.
O diretor geral da Refina, Albert Carrady Reuben, avalia que a empresa
deverá fechar este ano com um crescimento nos negócios de 40% a 50% em
comparação a 2003. "Notamos picos de procura quando há normas
entrando em vigor, como é o caso da RDC-33, da Anvisa. A instalação
de equipamentos nos locais de geração é um modo eficiente de se
cumprir a legislação", afirma Reuben.
Os parâmetros que medem a presença de metais como a prata na água que
é descartada no ambiente são definidos por legislação estadual e
também pela Resolução 20/1986 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama).
Por essa norma, a concentração máxima de prata é de 0.10 miligramas
de prata por litro de água. Em São Paulo, o limite é de 1,5 mg/l;
Santa Catarina é o estado que possui uma legislação mais restritiva:
apenas 0,02 mg/l.
No mercado há 25 anos, a Refina tradicionalmente coletava os efluentes
em bombonas e transportava-os até seu parque industrial localizado em
Francisco Morato, na Grande São Paulo. Lá, os resíduos são
processados e a prata, recuperada. "Com o tratamento dos efluentes
no local, estamos agregando uma facilidade para as empresas que produzem
esse resíduo, com a vantagem de que a prata recuperada volta ao
gerador, com possibilidade de ser revertida em renda", diz Reuben.
Em alguns casos, o cliente pode reverter em rendimentos até 70% da
prata recuperada. "A prata é um recurso não renovável e que tem
alto valor de mercado", completa.
kicker: Com a nova norma da Anvisa, a empresa prevê um crescimento de
até 50%
(Gazeta Mercantil/Caderno A - Pág. 9)(Andrea Vialli)